Bruno Rosário
Em "A Teoria de Big Heel",
Brunus Von Haimrich, narra seu diário mais pessoal: As tormentas de
Johannes! - Um diário descomunal, capaz de
retratar em um sopro de pura insanidade e verdade, os sofrimentos e venturas de
um jovem, que comunicando-se por e-mail com o autor, lhe confidencia os mais
obscuros dissabores da vida. Uma leitura que vai mexer com você e com a sua
mente. Leia se for capaz.
As Tormentas de Johannes.
1. Prólogo.
13 de abril de 2013.
Mais de 200
anos depois de "Os Sofrimentos do Jovem Werther" ter sido escrito
pelo gênio alemão Goethe, nasce um garoto na América Latina que estava
destinado aos mesmos tormentos que outrora passou o herói do movimento
"Tempestade e ímpeto". "As Tormentas de Johannes" conta com
nada mais que os e-mails
que recebi de nosso próprio protagonista - transcritos sem lhes tirar ou
acrescentar nada - e com breves narrações minhas que por vezes julguei
necessário para o melhor entendimento da história do desafortunado
Johhanes.
Esta
obra tem como objetivo principal analisar a existência humana em toda sua
horrível agitação, e para isso usa o caso de um homem, que tão cedo sentiu os
cortes causados pelo gládio da vida, e que não suportando mais ver o sangue lhe
escorrer, cogitava seriamente em abandonar a existência. Esta história é o
relato de um suicida em potencial.
Disponho-me,
para isso, a compartilhar contigo a triste história de Johannes. Achei-me no
direito de no mínimo mostrar-lhes as mensagens eletrônicas que recebi do
infortunado, pois seria um pecado digno de inquisição privar a humanidade da
singular existência deste garoto. Espero, caro
leitor, que nesses caracteres negros e frios, tu possa sentir o que sentiu o
jovem americano. Mas também espero que não se identifique com a
história, e que seja demasiado cuidadoso com tua compaixão, para que tu não
percebas também, que a existência humana possui tão pouco significado, ou
talvez nenhum. Insisto mais que tudo nesse
mundo, que se no decorrer desta leitura, tu sentir algo mais que piedade, mesmo
que um pequeno lampejo de identificação, pare a leitura imediatamente, pois não
quero ser responsável - como foi Goethe - por inúmeros suicídios. Está avisado,
amigo leitor.
CAPÍTULO II
Boa dia, Haimrich!
Boa dia, Haimrich!
Que alegria
encontro neste lugar. O prazer pelo novo e pelo desconhecido invade minha alma
de tal modo que me deleito como um burguês ao ver como as pessoas tratam bem um
desconhecido. Por vezes passo horas pensando que se fossemos eternos incógnitos
uns aos outros, teríamos tantas gentilezas no mundo que nem precisaríamos
utilizar o termo "bons modos" uma vez que todo modo seria bom. Ok,
sei que queres saber como são as pessoas daqui e como me pareceu o lugar, mas
vamos por partes.
Os humanos
que residem nessa cidade são como os de qualquer outra parte: dissimulam
felicidade e escondem seus problemas. Ora, se tem algo que me irrita, amigo, é
como as pessoas sentem a obrigação de parecerem felizes. Não é a tristeza
fundamental para a vida humana? Calma, não precisa me censurar, sei que ninguém
deseja ser infeliz o tempo todo. Mas ora, quando o for, aproveite este momento
e diga para o mundo o quão angustiante é a dor de tua existência, como tu
desejaria ser outra pessoa... Tu sabes como ninguém, Haimrich, que admiro mais
a melancolia que o entusiasmo, pois é só através dessa que podemos seguir os
mandamentos do mestre da humanidade e praticar o "conhece-te à ti
mesmo".
Ah sim, já
ia me esquecendo de lhe descrever o lugar. Me desculpe, é que meu ego por vezes
faz isso mesmo. Quer dizer, deixo de relatar algo importante para dar minha
opinião sobre. Mas vamos lá que não quero delirar mais que já delirei, e tenho
que dormir cedo para não me atrasar amanhã.
Como resumir
esta cidade em uma palavra...? hm... IGUAL! Sim, esta cidade é igual nosso amado
municipiozinho: fede urina humana e gordura de frituras, tão assustadoras que
me dão pesadelos. Tirando o aspecto horrendo pós-apocalíptico, posso dizer que
ela possui alguns lugares agradáveis, tais como uma biblioteca (melhor que a da
nossa cidade natal, convenhamos. Aqui encontrei o raro "Diário de Um
Sedutor" que tanto me custou encontrar aí), lugar para práticas
esportivas, etc. Tem todos esses locais que as pessoas devem frequentar para
que sejam bem vistas.
Meu Deus,
Haimrich, já são 00:06, e ainda preciso contar-lhe como é o colégio. Sejamos
breves, pois não quero parecer um zumbi amanhã. O local de (des)conhecimento é
como todos os outros. Tirando o fato, é claro, de que se cobra mais e que no
geral, os professores pensam que os alunos daqui são mais retardados.
"Conhecimento é poder", amigo, e poder te leva ao mais alto degrau do
ego. Sim, se não fosse o pouco de erudição inútil impregnada na cabeça desses
velhacos, não nos sentiríamos tão infelizes.
Mas agora
preciso ir, Adeus, companheiro.
Por Brunus Von Haimrich*
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