Bruno Rosário

17:46 Equipe Das Letras 6 Comments




Em "A Teoria de Big Heel", Brunus Von Haimrich, narra seu diário mais pessoal: As tormentas de Johannes! - Um diário descomunal, capaz de retratar em um sopro de pura insanidade e verdade, os sofrimentos e venturas de um jovem, que comunicando-se por e-mail com o autor, lhe confidencia os mais obscuros dissabores da vida. Uma leitura que vai mexer com você e com a sua mente. Leia se for capaz.

As Tormentas de Johannes.
1. Prólogo.
13 de abril de 2013.

Mais de 200 anos depois de "Os Sofrimentos do Jovem Werther" ter sido escrito pelo gênio alemão Goethe, nasce um garoto na América Latina que estava destinado aos mesmos tormentos que outrora passou o herói do movimento "Tempestade e ímpeto". "As Tormentas de Johannes" conta com nada mais que os e-mails que recebi de nosso próprio protagonista - transcritos sem lhes tirar ou acrescentar nada - e com breves narrações minhas que por vezes julguei necessário para o melhor entendimento da história do desafortunado Johhanes. 

Esta obra tem como objetivo principal analisar a existência humana em toda sua horrível agitação, e para isso usa o caso de um homem, que tão cedo sentiu os cortes causados pelo gládio da vida, e que não suportando mais ver o sangue lhe escorrer, cogitava seriamente em abandonar a existência. Esta história é o relato de um suicida em potencial. 

 Disponho-me, para isso, a compartilhar contigo a triste história de Johannes. Achei-me no direito de no mínimo mostrar-lhes as mensagens eletrônicas que recebi do infortunado, pois seria um pecado digno de inquisição privar a humanidade da singular existência deste garoto. Espero, caro leitor, que nesses caracteres negros e frios, tu possa sentir o que sentiu o jovem americano. Mas também espero que não se identifique com a história, e que seja demasiado cuidadoso com tua compaixão, para que tu não percebas também, que a existência humana possui tão pouco significado, ou talvez nenhum.  Insisto mais que tudo nesse mundo, que se no decorrer desta leitura, tu sentir algo mais que piedade, mesmo que um pequeno lampejo de identificação, pare a leitura imediatamente, pois não quero ser responsável - como foi Goethe - por inúmeros suicídios. Está avisado, amigo leitor.

CAPÍTULO II

Boa dia, Haimrich! 
 
Que alegria encontro neste lugar. O prazer pelo novo e pelo desconhecido invade minha alma de tal modo que me deleito como um burguês ao ver como as pessoas tratam bem um desconhecido. Por vezes passo horas pensando que se fossemos eternos incógnitos uns aos outros, teríamos tantas gentilezas no mundo que nem precisaríamos utilizar o termo "bons modos" uma vez que todo modo seria bom. Ok, sei que queres saber como são as pessoas daqui e como me pareceu o lugar, mas vamos por partes. 
Os humanos que residem nessa cidade são como os de qualquer outra parte: dissimulam felicidade e escondem seus problemas. Ora, se tem algo que me irrita, amigo, é como as pessoas sentem a obrigação de parecerem felizes. Não é a tristeza fundamental para a vida humana? Calma, não precisa me censurar, sei que ninguém deseja ser infeliz o tempo todo. Mas ora, quando o for, aproveite este momento e diga para o mundo o quão angustiante é a dor de tua existência, como tu desejaria ser outra pessoa... Tu sabes como ninguém, Haimrich, que admiro mais a melancolia que o entusiasmo, pois é só através dessa que podemos seguir os mandamentos do mestre da humanidade e praticar o "conhece-te à ti mesmo". 
Ah sim, já ia me esquecendo de lhe descrever o lugar. Me desculpe, é que meu ego por vezes faz isso mesmo. Quer dizer, deixo de relatar algo importante para dar minha opinião sobre. Mas vamos lá que não quero delirar mais que já delirei, e tenho que dormir cedo para não me atrasar amanhã. 
Como resumir esta cidade em uma palavra...? hm... IGUAL! Sim, esta cidade é igual nosso amado municipiozinho: fede urina humana e gordura de frituras, tão assustadoras que me dão pesadelos. Tirando o aspecto horrendo pós-apocalíptico, posso dizer que ela possui alguns lugares agradáveis, tais como uma biblioteca (melhor que a da nossa cidade natal, convenhamos. Aqui encontrei o raro "Diário de Um Sedutor" que tanto me custou encontrar aí), lugar para práticas esportivas, etc. Tem todos esses locais que as pessoas devem frequentar para que sejam bem vistas. 
Meu Deus, Haimrich, já são 00:06, e ainda preciso contar-lhe como é o colégio. Sejamos breves, pois não quero parecer um zumbi amanhã. O local de (des)conhecimento é como todos os outros. Tirando o fato, é claro, de que se cobra mais e que no geral, os professores pensam que os alunos daqui são mais retardados. "Conhecimento é poder", amigo, e poder te leva ao mais alto degrau do ego. Sim, se não fosse o pouco de erudição inútil impregnada na cabeça desses velhacos, não nos sentiríamos tão infelizes.
Mas agora preciso ir, Adeus, companheiro. 
Por Brunus Von Haimrich*
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