esperança
QUANDO FALTA [TERMINA] A ESPERANÇA
Nós
temos uma necessidade de caminhar, de seguir nosso caminho. Estamos eternamente
condenados a agir, mesmo quando decidimos ficar parados, estamos agindo. A vida
é antes de tudo a necessidade compulsória de ação, decisão, escolhas. É uma
roda a girar incessantemente e onde para não é uma alternativa. Viver é preciso
e caminhar também.
Você
observa duas pessoas em uma televisão a sua frente: uma delas anda em um bom
automóvel, habita uma casa confortável, tem um bom traquejo social, cultura,
conhece lugares maravilhosos, e ai você pensa que essa é uma vida boa para se
levar. Imediatamente a televisão a sua frente passa a mostrar a casa simples, o
tugúrio, a casa de miséria, a família sofrida pelo trabalho, a enxada, os
cuidados com as crianças, os animais, a pele ressecada pelo sol, e ai você
pensa, jamais trocaria a vida da primeira imagem pela da segunda. Isso é
lógica, mas não em se tratando de vida, não explica nada.
Quem
sabe as dores, mágoas, abandonos e sofrimentos que os habitantes da primeira
casa não experimentam todos os dias? Quanta dor não lhes vem ao coração
enquanto dirigem o bom veículo, dor tamanha que pouco importaria ser um carro,
um ônibus ou até um caminhão boia fria? E ao entrar e estarem na bela casa,
quanta amargura, lembranças dolorosos não lhes vem a mente, que torna nula a
casa e seus luxos, fazendo com que pouco importe o sofá bonito ou a televisão
de última geração, pois escuta-se apenas o silêncio da amargura e só se é capaz
de observar a solidão da dor?
Bem
certo estava o compositor que disse que cada
um sabe a dor e a delícia de ser o que é... Verdade! Sofrimento e dor não
escolhe casa, bairro, se o automóvel é do ano ou se a bicicleta é velha, não
faz caso se entra na mansão de roupas perfumadas com Chanel 5 ou na casa de miséria
onde o único aroma é o da fumaça do fogareiro a lenha. Tristeza é igual para
todos, sofrimento não cobra prestação, não se soluciona em banco ou com folhas
e cartões de crédito. Dor é dor, dói para todo mundo, para o que come caviar e
até para o que nem come.
O certo é que muitos de nós somos tão cheios
de nós mesmos, de nossas convicções, de nossos achismos, que por momentos
acabamos nos perdendo das pessoas, de Deus, do amor e por fim, da própria
esperança. Ai então nos vemos sozinhos, olhamos para todos os lados e não há
para onde correr, não existe lugar para nos abrigar, é nesse momento, que seja
rico ou miserável, fervoroso cristão ou convicto ateu, todos nós, levados por
algo que não podemos explicar, olhamos para o alto, quase que estendendo as
mãos, e de algum lugar, de alguma parte desse universo que somos incapazes de
compreender, esperamos absortos que uma mão se nos estenda e nos devolva pelo
menos a esperança.
A
questão é que a vida não para nem quando se perde a esperança, é preciso seguir,
continuar, agir... A vida pede ação, o caminho se nos é posto a frente e alguém
de algum lugar, mesmo que invisível para nós diz para que andemos, não importa
como, ande, caminhe, ultrapasse, siga, vá, chore, sofra, ria, corra, mas não
pare, parar não é uma opção aos vivos, quem sabe, nem mesmo aos mortos. Então
nos resta andar, caminhar sem julgamentos, sem perguntar quem sofre mais quem
sofre menos, pois o fato é que de alguma forma, sofrem todos, mas sofre menos
que mesmo sofrendo não se afasta dos caminhos do bem, do amor e da
fraternidade. Pois ainda que nada se ganhe em troca disso, ganha-se paz, que
não é dada por ninguém, senão entregue a nós, por nós mesmos.
Que
a esperança só não alcança, quem se nega a erguer as mãos...
Patrick...como gostei de ler seu texto. Tenho estado devagar e com vontade de estagnar, mesmo sabendo que não faz bem, que a vida pede ação. Desde de manhã quando vi que você publicou, tive vontade de vir aqui. Agora cheguei e saiba que me fez muito bem, obrigada!
ResponderExcluirAbraços e paz!
Que bom, Sandra! Fico feliz em saber que as letras que colocamos no papel com tanto carinho são capazes se deixar nem que por um detalhe, o dia de uma pessoa um pouco melhor. Paz e bem!
ExcluirAcho que não se deve comparar a dor. A dor é de quem sente. Texto reflexivo e tocante na maneira que deve ser.
ResponderExcluirwww.pilateandosonhos.com