Enfermagem,

UMA FLOR PARA FLORENCE!

13:19 Equipe Das Letras 0 Comments

"Acho que os sentimentos se perdem nas palavras. Todos deveriam ser transformados em ações, em ações que tragam resultados." (Florence Nightingale)

O sol havia raiado a pouco em Florença, no Grão-ducado da Toscana, quando a jovem Florence Nightingale, que recebeu este nome em homenagem a sua cidade de nascimento, já estava em pé ao lado de seu cavalo para percorrer os campos da propriedade de sua família, rotina quase diária de uma mulher que ainda jovem, já podia sentir que seu coração pertencia ao mundo.

Foi num desses dias, quando cavalgava pelas terras de sua família, poderosa e influente na região, que Florence deparou-se com o que seria a razão do seu viver, e que lhe faria ser lembrada para sempre: uma ferida! Não foi um anjo, uma aparição dos céus, ou uma visão, foi uma ferida, a ferida de uma pobre mulher que gritava de dor, dentro da casa miserável onde habitava.

A "Dama da Lâmpada", que ali ainda sequer poderia imaginar a grandeza de seus feitos, em momento algum pensou em seu título de nobreza, ou na importância da sua família, no que as pessoas falariam caso viessem a saber, antes, desceu ao mesmo nível de uma prostituta, que eram as "enfermeiras" da época no Século XIX, as únicas dispostas a fazerem o trabalho "sujo", pondo-se a cuidar e curar aquela ferida, colocando fim a dor e ao tormento do que para ela era um ser humano como outro qualquer.

A mulher que rebaixou-se ao nível de uma prostituta, não ouviu de um anjo a sua missão, antes, viu na ferida de aspecto orrível e odor nauseante, a boca de Deus, ordenando que fosse e fizesse. Ela fez!

Florence abriu mão de tudo, seu dinheiro, suas posses, o grande amor de sua vida, e passou a comprar brigas, defendendo a humanização do atendimento, as condições sanitárias das instalações precárias da época,  a formação integral das profissionais de enfermagem. Foi Enfermeira, antes de tudo, mas também foi arquiteta, biomédica, nutricionista, química, farmacêutica, fisioterapeuta, psicologa, e uma abnegada, isso, até antes de ser uma enfermeira. Florence negou-se a si mesma.

Em 1846 partiu para Alemanha, conhecer o que seria a base da sua ciência, um hospital dirigido por freiras luteranas, onde Florence conheceu um modelo de assistência hospitalar, completamente diferente do que havia visto em Londres, onde os hospitais eram lugares para onde se levavam aqueles que iriam morrer, para um modelo onde o hospital transformava-se em um refúgio dos que sobrevivem e recuperam a saúde.

Mas foi em 1854 que Florence Nightingale deu seu maior passo, o que a faria ser conhecida pelo mundo, embarcando com 38 de suas enfermeiras para atuar como voluntárias na Guerra da Crimeia. Nunca antes mulheres haviam participado de uma guerra como voluntárias do exército.  Desembarcaram nos campos de Scutari, no Império Otomano, onde encontraram um hospital de guerra em estado lastimável, restos de corpos espalhados por toda parte, homens deitados sobre o feno, devorados vivos por ratos, parasitados por pulgas, morrendo as centenas todos os dias por diarreia, infecções e sepse.

Sem estrutura alguma, e humilhada pelo superior do exército, pelo fato de ser mulher, proibida de realizar qualquer procedimento pelo médico da unidade, Florence pôs-se com suas enfermeiras a limpar a unidade hospitalar, combatendo as pragas, a imundície, banhando os doentes, incinerando a palha e as roupas contaminadas, diminuindo somente nas ações de sanitização o número de mortos em quantidade suficiente para chamar atenção do comando maior do exército, que lhe deu autonomia para implementar toda e qualquer melhoria naquele lugar. Acredita-se que pelos esforços de Florence Nightingale, foram salvos soldados na casa das centenas, somente naquele hospital.

Em 1856 após contrair febre tifoide durante a guerra, e com sérias restrições físicas, voltou a Inglaterra, onde segundo a Rede BBC, Florence Nightingale foi a mulher mais famosa da era vitoriana, além da própria rainha Vitória que a condecorou a primeira mulher chefe dos Hospitais Do Exército Britânico.

Em 1883, a rainha Vitória concedeu-lhe a Cruz Vermelha Real e em 1907 ela se tornou a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito. Impossibilitada de fazer seus trabalhos físicos, dedica-se a formação da escola de enfermagem em 1859 na Inglaterra, onde já era reconhecido seu valor profissional e técnico. Fundou a Escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas.

Florence Nightingale nos deixou em 13 de agosto de 1910 em Hampshire, na Inglaterra, onde também encontra-se sepultada. Deixou-nos uma bibliografia brilhante, do qual destaco "Notes On Nursing", mas muito mais do que teoria, ela nos deixou um exemplo de vida dedicada ao ser humano, de amor incondicional pelo cuidado, de luta incessante por melhorias e por humanização do atendimento de saúde. Florence mostrou ao mundo que sem enfermagem não se faz saúde. Que sem saúde só resta dor, e que sem amor também não se faz Enfermagem!

Para que um pouco de você brilhe em mim, te dou uma flor!

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