Deve haver alguma coisa que ainda te emocione!

O título não é meu, faz parte de uma composição de Humberto Gessinger, a qual no final deste texto, disponibilizarei o link, pois interpretada pelo Pouca Vogal, em um show de violão, é digna de ser ouvida, várias vezes.

Estava determinado em escrever sobre um livro, que aqui também segue como dica para boa leitura, da magnífica Elisabeth Kubler Ross, intitulado “Sobre a morte e o morrer” da Editora Martins Fontes, que mesmo dedicando-se a abordar profundamente a morte, nos deixa de forma intrínseca a noção de que estamos vivos, logo, fala mais de vida que de morte.

Devo sim, abordar este assunto, em algum outro texto, pelo fascínio com que Ross trata o morrer, fazendo de ato final de nossas vidas, muito mais que um simples último suspiro, compreendendo a pessoa enquanto ser integral, e, que também, como em tantas outras questões da vida, precisa estar ativamente participando da morte e do morrer.

Mas muito pior do que o fato de estarmos tão despreparados para a morte, ou, que seja para darmos a outrem uma morte digna, no amplo sentido desta palavra, é estarmos vivos, e, a este viver, quero dizer que me refiro a um ser, cujo coração ainda bate e possui todas as suas atividades vitais em perfeito funcionamento. Esta vivo. Compreendem?

Sei que não precisaria explicitar aqui, o ato de se estar vivo, mas quero e preciso que compreendam, a complexidade de se estar vivo e viver, diante de um mundo onde tantas pessoas apenas exercem o papel funcional de estar vivo, mas em se tratando de vida em seu mais amplo e profundo sentido, encontram-se mortas e dilaceradas por suas pequenices, que fora justamente o que lhes matou.

Até a mais ativa das pessoas, quando observada de um ponto de vista mais amplo e aprofundado, pode ser diagnosticada com morte em vida, termo que aqui quero fazer uso, para me referir àqueles a quem o sopro de vida já abandonou, e ainda que pensem ao contrário, nada mais são que zumbis, trilhando por caminhos tortos, atrapalhando o viver daqueles que ainda tentam ser mais que um simples coração que bate, ou de um emaranhado de reações químicas que os torna, ou, os faz capazes de andar sobre este mundo.

São zumbis pois entregaram-se as mediocridades da vida, que para alguns são tão fascinantes como o viciado em anfetamina que corre até um vendedor clandestino em busca de sua tão esperada droga, e, que por fim também o levará a morte. Chego quase que a conclusão que as mediocridades as quais milhares de pessoas se entregam todos os dias, é vício, tão corrosivo quanto qualquer outro, pois tira a vida em vida.

O que leva uma pessoa, enquanto ser dotado da capacidade de pensar e refletir sobre as pessoas, coisas e fatos, a reunir-se em uma roda, com outros indivíduos, para tratar da vida alheia? Ou então o que leva essas mesmas pessoas a quando não tendo assunto ou pauta para suas sórdidas diversões, passarem então a inventar, deliberadamente, inverdades sobre outros que certamente não estrão ali para poderem se defender? Este é apenas um exemplo de mediocridade, entre infinitas formas. Outros chamariam de fofoca, mas para ser fofoqueiro é preciso antes ser medíocre!

Neste ponto do texto é onde ele passa a fazer sentido com seu título. O medíocre também é desprovido de emoção. Tenho quase certeza de que em breve os estudiosos do comportamento humano vão classificar isso como uma doença ou desvio de caráter. Sim, claro que o medíocre tem um desvio de caráter, mas me refiro a que isso se torne oficial. Comprovado.

O fato em questão, quando faz-se referência a estas pessoas, as medíocres, é que são, indiscutivelmente infelizes com suas próprias vidas, existindo assim a necessidade de falar, preferencialmente de forma pejorativa da vida de outros indivíduos que estejam próximos, ou que sejam de uma mesma comunidade ou grupo social. Os medíocres ainda tem por objetivo, com seu comportamento sórdido, sempre que possível, assistir a ruína da vida do ser invejado, e mais que isso, ver a ruína do outro, sentado sobre as cinzas da sua própria vida.

Poderia existir peste pior? Não é esta forma de mediocridade pior do que qualquer verme rastejante que infeste as mais fétidas partes do universo? Problema é que estão em quase todos os lugares, são preponderantes em alguns cantos mais que em outros, mas existem, estão mortas, mas esqueceram-se disso. Preferem passar sua morte em vida tentando arruinar a vida de outros para que possam ter mais indivíduos a quem se assemelhem.

Pobres diabos. Chorarão com gemidos inexprimíveis a vida toda, sentados sobre os escombros fétidos de suas existências, vendo os demais, aqueles que vivem, vibram e vencem, seguindo a vida pelos caminhos do bem da reflexão e do pensamento humano progressista, caminhando cada vez mais rápido e para o alto, enquanto eles, os medíocres, mortos em vida, choram ao ver que suas emoções nada mais eram do que o cheiro exalado por seus próprios pensamentos.

Ouça a música: Clique Aqui!

Qual é o problema?

O problema não é o inverno que chega com este ar mais geladinho, não são estes casais que ficam trocando caricias e beijos de paixão na rua, não, com certeza não é a musica apaixonante que toca em qualquer lugar que se entra e não, não pode ser programado por acaso esses “playlists”, o problema não pode ser aquela louca vontade de ser criança.

O problema, de fato sou eu, por ser assim… Meio E.T, de olhar para as flores, para o céu, para o por do sol e chorar por ser tão magnifico e lindo, excepcionalmente único.

O problema é reparar nas pessoas, tentar ver o que realmente a de bom em cada uma e se encantar com isso. Se apaixonar por elas, por sua bondade, sua inocência, sua perene capacidade de fazer sorrir…
 
O problema é gostar demais de flores, de vê-las, sentir o perfume, de andar por ai jogando sementes e esperando ver outros jogando-as também, sementes que em terra farão nascer mais flores e exalar mais perfume…

O problema é essa vontade desesperada de amar, de dedicar, de entregar-se de corpo e alma a uma pessoa, um projeto, qualquer coisa que pulse vida, que badale emoção.

O problema é querer mais… mais carinho, mais amor, mais pessoas boas ao seu redor, pessoas do bem, para o bem. O problema é confiar que “o natal existe, que ninguém é triste, que no mundo existe só amor”…

[…] E a lágrima escorreu pelo canto do olho! […]

O problema é que não é problema, mas sim carência.

MEU GRITO DE SOCORRO!


Eu quero voltar para casa! Não para o lugar onde eu nasci, mas o lugar onde deixei outro pedaço de minha alma e que agora passa-me a fazer falta. Como é triste a sensação de vagar por ai, ver passarem os anos e nunca, nunca mais sentir-se em casa. Onde foi que me perdi? Em que lugar deste imenso universo habita minha outra metade, aquela que deveria preencher o vazio, o eco, a dor que me aflige dia e noite, a desesperança de nunca mais regressar. Para onde regressar?

Não posso acreditar que vivamos apenas uma vida, uma única e efêmera vida, queria reencontrar o lugar, as pessoas, a casa onde abandonei a outra metade da minha alma. Deus, permita-me isso? A quem pretendo enganar? Deus tem mais o que fazer que atender um desejo tolo como esse. Se ao menos eu soubesse em que vida, em que mundo, em que século, mês e ano eu deixei minha outra metade? Mas nem isso! Não sei nada, absolutamente nada. Apenas saudade!

Talvez e bem provavelmente eu a tenha abandonado pelo Século XVIII no velho mundo, lá pelos lados de Yorkshire, na Inglaterra. Tenho verdadeiro fascínio pelos ingleses, seus costumes, sua imponência, elegância, educação e refinamento. Em muito pouco, devo admitir, me pareço com eles, mas isso não me torna menos fascinado, deslumbrado com os anos dourados do longínquo Século XVIII.

Não sinto falta de Londres, mas de York, que nunca se quer conheci. Mas o farei, prometo! Acho que para alguns mais que para outros a idade da alma pesa mais que a do próprio corpo. Minha alma esta cansada, exausta, chorosa. Queria tanto voltar para casa. Meus olhos se enchem de lágrimas com a simples eminencia desta possibilidade. Sei que escrevo como um tolo, mas, apenas hoje, permito-me a fazer tal coisa: Ser um tolo!

Sentir o ar puro dos campos, o gosto do chá, o calor vindo das lareiras incandescentes, o badalar dos sinos, os cães correndo pelos campos verdes, meu Deus, que saudade!!!! Ainda que meu corpo seja jovem, minha alma já não resiste mais a penosa tarefa de sobreviver no mundo moderno. Porque me aprisionar neste Século onde não vejo graça, nem se quer beleza? Onde não tenho a mim mesmo?

Desejo ir embora daqui o mais rápido possível! Envie em meu lugar outra alma, mais jovem, mais disposta, mais a vontade com esse mundo de rock, shows, baladas e cerveja. Uma alma mais disposta, menos idosa, que leia livros mais engraçados, mais atuais e não as velharias do Século passado as quais estou preso. Mande uma alma mais apegada a realidade e não as fantasias, uma alma que suporte o que a minha já tão idosa não pode dar conta.

Permita oh Deus, que eu repouse junto aos meus, no meu lugar, na minha casa, ouvindo a chaleira fervendo no fogão, e o chá sendo preparado na cozinha. Mas não demore oh Deus, seja breve, não sei por quanto tempo essa velha alma ainda resistirá as agruras dessa existência.

Reconheço oh Deus, que tens sido formidavelmente bom e generoso, e não se trata do Senhor, mas de mim, de uma alma que já viveu tempo demais, para ser afligida com tanta saudade. Acredite-me oh Deus, a dor já se tornou insuportável!

ME BEIJE SÓ MAIS UMA VEZ!!

A música tocava alto, as vozes tornavam-se coadjuvantes naquele ambiente, quase que imperceptíveis, as pessoas conversavam, falavam, diziam, discursavam, mas ninguém podia ouvir devido ao som da música que exultava no grande salão, decorado com grandes colunas douradas, veludo carmim, e um chão do mais puro mármore. Era um dos mais famosos cafés de Lucerna, na Suíça. Eu no entanto se quer percebi a música, a bem da verdade, naquele momento pude notar apenas sua voz, que não era a mais doce, eloquente, ou grave do salão, mas era a voz de quem eu amava, de quem tinha as mãos que eu queria tocar, os olhos que eu desejaria ver mais do que tudo, e os lábios, ah! Os lábios! Quantas noites implorei aos céus para sonhar com o momento onde nossos lábios se tocavam, lentamente, como em um devaneio psicodélico. Minhas mãos, trêmulas pelo nervoso do momento e pelo repente de paixão acariciando cada milímetro do seu rosto, tal qual o mais hábil pianista toca as teclas de seu piano ao que compõe sua mais bela sinfonia. Era apenas sonho, imaginação, ele estava do outro lado do salão. 

Respirei fundo, pensei em um rompante de coragem que todos os meus sonhos poderiam ser traduzidos em verdade, em realidade, que não precisaria mais implorar aos céus por um beijo pois eu estava ali, viva, e caberia somente a mim fazer o futuro ser agora. Levantei-me da mesa, alinhei o fino bleizer preto que usava por cima de uma camisa de seda, coloquei-me ereto, ombros para cima, passos firmes e longos, passos de quem esta realmente determinado, ele levanta, segura duas taças de vinho em suas mãos angelicais, eu apresso o passo, é como se o rompante de coragem tivesse tornado em desespero, eu precisava chegar até ele, eu precisava dizer boa noite, eu queria sentir o seu perfume, olhar seus olhos, quem sabe tocar a sua mão. Ele virou, em minha direção, minhas pernas quiseram estremecer, mantive-me firme, ele sorriu olhando em minha direção, já podia ver seus olhos, grandes, escuros, cílios longos, eu sorri de volta, talvez o mais belo de todos os meus sorrisos, já estava acontecendo, frente a frente, eu e ele, nós dois, a completude da sinfonia, o pedaço de paraíso, o sonho em plena realidade. Quer vinho? Ofereceu o dono da mais bela voz, a única que eu escutara a noite toda. Aceitei, claro que sim. Era um vinho tinto, um merlot, eu detesto uvas merlot, na verdade eu detestava, agora são minhas preferidas. Ao que me alcançou a taça, beijou-me o rosto, dando-me boa noite, falando sobre a festa, a delicadeza dos doces, a linda decoração, o lugar escolhido, eu, apenas concordava com tudo, meu olhar havia se perdido entre seus olhos, sua boca, seu mais profundo abismo. Vamos tomar ar? Com a neve derretendo? Quando é mais frio, úmido e gelado? Sim, sim, sim, eu quero, quero mais do que a própria vida tomar ar com você e morrer congelado.
Na varanda, protegida por um vidro espesso, com apenas uma entrada de ar, lindos bancos com lã de ovelhas servindo de decoração e aquecimento, tomou de minhas mãos a taça, colocou-as sobre a mesa, apontou para o imenso sofá, aquecido sabe-se Deus como, sentei, ele sentou, falou sobre a noite, como ele admirava os astros, mostrou-me uma estrela, a torre de uma das igrejas que ele mais gosta, citou algum tipo de arquitetura que já não posso lembrar, tomou suas as minhas mãos, apertou-as com força, eu quase desmaiei de amor, em alguns momentos a felicidade não cabe mais dentro do coração, ai então se descobre que é por isso que ela não dura para sempre, seria fatal. Ele acariciou minhas mãos com as suas, levou-as perto de seu rosto, sentia-me inerte, sem reação, ação ou qualquer outra coisa que dependesse de mim, foi quando ele unindo minhas mãos, beijou-as da forma mais singela, doce e sensível que nem mesmo um anjo do paraíso poderia fazê-lo, levantou-se, puxando com ele a ficar em pé, olhou no mais profundo dos meu olhos, passou suas mãos em meu rosto, deslizando cuidadosamente cada um de seus dedos, chegou mais perto, eu podia sentir seu perfume, seu coração batia acelerado em uma conjunção com o meu já arrítmico e a beira do colapso, esqueci-me do frio, da vida, de quem eu era, fui ou viria a ser, suas mãos seguraram firme mas delicadamente meu rosto, seus lábios, lindos lábios rosados, tocaram meus lábios, eu nunca mais queria parar, não poderia haver paraíso depois daquele momento. Ele se despediu, disse apenas que precisava ir, já era tarde, estava de carona, deu-me as costas, e, em sua última frase disse que já tinha meu endereço, do hotel, de onde eu partiria em três dias.
Não poderia me beijar apenas mais uma vez? Somente mais um minuto para vivenciar o que presenciam os anjos no paraíso? Depois volte para lá, mas não agora, fique, não saia assim, não ouse me ensinar as notas do amor e depois roubar-me o instrumento. Ele se foi, eu me sentei, imaginando tudo acontecer de novo, de novo, de novo... Lembrei-me do dia em que o conheci, o primeiro em solo suíço, quando derrubei um cálice no castelo de Chillon em uma visita turística. Eu o vi apenas mais uma vez, em um jardim, em meio a flores e pássaros, mas no paraíso, ou no que temos por visão objetiva de paraíso, tive apenas uma revelação, apenas um insight do que realmente é amor e o que é paixão. Nos olhamos, sorrimos, caminhamos para lados opostos, voltamos as nossas casas, aos nossos países, e de tudo aquilo, de todo o ápice do meu enredo, ficou apenas a boa sensação de alguns dias de paixão. Quanto ao amor? É outra coisa.

*Este é um texto de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. 

Melhor coração partido que alma vendida!

 
Não é que as pessoas estejam caminhando rumo a evolução pessoal e por este motivo estejam errando mais, é que no caminho que trilham buscam e perseguem somente o erro. Não é que busquem o bem e persigam o amor, é que precisam possuir, agora não mais somente coisas, mas pessoas também. A regressão moral é muito mais alta que qualquer muro já construído por mãos humanas. Falta amor e caridade! Sentimentos esquecidos, adormecidos junto da ganancia pessoal, da vontade de se ter o que almeja, mesmo que isso não esteja nos planos naturais do universo. O que conta é ter, apenas e nada mais. 
 
Amizades terminam, relacionamentos acabam, filhos são separados de seus pais, pessoas diferentes do que a maioria julga normal são execradas em nome de uma moral que poucos tem, mas que são os que mais se apressam em julgar. Vivemos num grande tribunal, apontados por tudo e por todos, onde somos capazes de ver os mais insignificantes defeitos na vida de outrem, mas não enxergamos o lamaçal em que nossa própria vida se encontra. 
 
Falta amor, falta bondade, integridade para remar contra a maré de pessoas que andam girando pelo mundo, com o único objetivo de trazer as outras os mesmos sofrimentos e desgostos que passam, e para assegurarem-se de que ao não evoluírem, também não permitirão que outras o façam. É assim que as pessoas apegadas a matéria e as coisas ruins que nela habitam agem no mundo atual. 
 
Corrompem-se nas grandes e nas pequenas coisas, pois aprenderem a pensar somente em si próprias. A coletividade perdeu o sentindo nos dias de hoje, pois para que pensar em “nós” se posso pensar apenas em mim? Por que motivo enxugar as lágrimas da pessoa que chora, se com uma frase posso derrubá-la ao chão e usá-la como degrau para atingir o topo e apanhar o prêmio?
 
Mas que prêmio será esse conferido aos que se negam andar nos rumos da luz, do bem, da caridade e do amor? Que presente obterá o ser egoísta que em ninguém pensa, a não ser em si próprio e nas próprias conquistas sem jamais lembrar do pranto e do lamentos dos que ao lado choram e gemem?
Não há prêmio, sequer presente, a estes existe apenas o caminho da solidão.

AINDA QUE TODOS SE CALEM...


Na Síria, a pouco mais de um ano, Amatullah* foi estuprada consecutivamente por TRINTA vezes, até que o último homem depois de abusa-la, deu um tiro em sua genital e a atirou em frente a um hospital, onde permaneceu por quase um ano, e hoje vive refugiada nos Estados Unidos, onde convive com seus traumas, e a incontinência urinária que jamais permitirá a jovem Amatullah* esquecer os horrores que passou nas mãos do Estado Islâmico, grupo terrorista extremista do Oriente Médio. 
A onda de violência contra as mulheres ultrapassa fronteiras diariamente, ganhando adeptos como se fosse uma “religião”, tudo isso, motivado por uma única certeza: A impunidade. Nos países do Oriente Médio e da África Central, mulheres diariamente são queimadas com ácido, tem suas genitais cortadas para não sentirem “prazer” no ato sexual, mostrando assim plena subserviência aos esposos, que mais parecem mestres dos feitores de escravos mais bárbaros do Século XVI.
No Brasil, não diferente do restante do mundo, mulheres sofrem com a violência sexual dioturnamente, mesmo com leis avançadas, se comparadas ao restante do mundo. Mas existe um problema central em toda essa questão e bem, eu não me furtarei em abordá-lo ainda que seja criticado, a final, nunca me permiti a censura. O maior problema da violência contra a mulher se chama RELIGIÃO! 
Nos países de origem islâmica, se não em todos mas na sua grande maioria, aproveitando-se das tradições religiosas, mulheres são feitas escravas, com direito a tronco, chibata, ácido e mutilações. Quando cansada e disposta a abandonar a vida que só lhe trás sofrimento, essa mulher grita, chama atenção do mundo o quanto pode, então é acusada de adultera, enterrada em um buraco até a altura dos ombros, e apedrejada em nome de deus. 
A violência não fica apenas por conta dos povos islâmicos, os cristãos também fazem parte do time, seitas espalhadas pelo mundo todo, como os menonitas ortodoxos, pregam a subserviência das mulheres aos homens, onde são tratadas com desprezo e violência. E não são apenas eles dentre os cristãos a pregarem patifarias como essa, de que a mulher deve “servir” ao marido, na maioria das vezes, trocam a palavra servir por “honrar”, o que significa a mesma coisa na maioria das vezes. 
As Nações Unidas, Anistia Internacional, World Vision, Actionaid, Médicos Sem Fronteira, e tantas outras organizações mundo a fora tem levado consolo e buscado justiça. Entretanto ainda são poucos. Todos os dias milhares de mulheres são abusadas das formas mais cruéis que se possa imaginar, e bem, precisamos fazer alguma coisa. 
Aqui no Brasil você já sabe o que fazer ao presenciar violência contra a mulher, basta pegar seu telefone, sair da sua zona de conforto e discar 180. Mas no mundo, você pode ajudar publicando a realidade que acontece logo ali, onde pousam aviões muitas vezes tendo lideranças do nosso país a bordo. Mesmo que seja para ninguém ler, denuncie. Participe da campanha “Chega de Fiu-Fiu”, é um começo, seja um ativista online da Anistia Internacional, de Médicos Sem Fronteira ou da Actionaid. Juntos podemos fazer mais e melhor. 
Ainda que todos se calem, se a tua voz ecoar, não haverá silêncio.
Este texto é em memória de todas as mulheres que morreram sem ter sua história contada. 

*Amatullah é um nome fictício.

ORLANDO: 50 TONS DE INTOLERÂNCIA!

"Eles julgam sinceramente que estão agindo corretamente." (E. W. Elkington, 1907, sobre os canibais da Nova Guiné)

Embora fundamentalistas de muitas religiões ainda possam afirmar que seus códigos resultam de decretos divinos, provavelmente é correto dizer que agora a maioria das pessoas reconhece que os códigos morais são inventados pelo homem: trata-se de regras de comportamento elaboradas por grupos de pessoas ou indivíduos para tornar a existência mais agradável para a maioria.

Hoje quando o mundo depara-se chocado com mais um atentado terrorista, assim classificado pelas autoridades, e também um atentado contra uma minoria, assim compreendido por muitos, não quero aprofundar-me em discorrer sobre moralidade e tampouco sobre a gênese moral deste ou daquele povo, continente ou sociedade. Mas precisamos fazer uma reflexão sobre o fato de estarmos regredindo a um ponto de observarmos comportamentos da sociedade pré-civilizada.

Arrisco dizer que temos regredido para ainda antes desse tempo, pois todas as sociedades pré-civilizadas foram aglutinadas por concepções éticas em grande parte não declaradas, mas sempre compreendidas. Hoje isso tudo parece não fazer mais sentido.

Anthony Storr, disse que pode-se supor que desde o começo da vida existe um impulso para a autorrealização, para encontrar a própria identidade como pessoa, e que essa é uma força tão poderosa quanto o sexo.

Penso que a intolerância nunca foi tão alimentada na história, ao menos no ocidente, como na atualidade. No Brasil, vivemos uma crise comportamental onde já é possível afirmar que grupos ideológicos, independente da ideologia, vivam a plena neurastenia, espalhando ódio, intolerância e violência até onde seus pensamentos sejam capazes de chegar.

Vemos uma esquerda apossando-se por completo das pautas das minorias, em especial as da comunidade LGBT, dos direitos humanos, chamando para si tais agendas e acusando a todos que não comunguem de suas ideologias de também não comungarem de tais agendas. Um acinte. De outro lado vemos uma direita que parece ter aberto mão de tais agendas, ainda que muitos identifiquem-se com elas, mas que preferem propagar o ódio a dialogar ou sequer tocar em um assunto que "pertença" ao outro lado. Outro acinte.

Vemos os pobres pouco escolarizados, e os tais novos ricos também pouco escolarizados enchendo as igrejas, lotando os templos, e substituindo a cultura secular pelo catequismo teológico, formando-se assim uma geração de bestas teológicas. Não dominam nenhum assunto que não esteja no único livro que conhecem, a bíblia, ou nos que dela derivam. Rubem Alves já dizia que não havendo dinheiro para o lazer, as igrejas se enchem. A pobreza leva a santidade.

O Estado Islâmico tomou para si a autoria do atentado em Orlando, na Flórida. O pai do assassino disse que o filho era homofóbico, que estaria profundamente incomodado em ver um casa gay beijando-se em público. A esposa do terrorista por sua vez, disse que ele constantemente a espancava. Os fatos são esses. Mas pairam agora as perguntas acerca dessa barbárie: É possível que uma pessoa nasça homofóbica? Ou quem sabe seja possível a um ser humano nascer assassino? Ladrão? Estuprador?

Claro que a resposta a essas perguntas é NÃO! Ensina-se isso, aprende-se, constrói-se o ser capaz de tais atrocidades. Nisso volto ao fato de afirmar que nossa sociedade ocidental, e principalmente brasileira, beira a pré-civilização. O que estamos ensinando a nossas crianças? Aliás, não se esta ensinando, pois quando tenta-se levar qualquer tema referente a diversidade nas escolas, Bolsonaros e Felicianos surgem aos batalhões para defender a sagrada instituição da família.

Aliás o conceito de família no Brasil nunca esteve tão distorcido. A "família" brasileira boicota lojas que desconstroem o pensamento conservador de gênero. Boicota novela que tem mulheres lésbicas casadas, para assistir uma novela bíblica em um canal mantido com dinheiro dos fiéis, que na grande maioria vive na plena pobreza, mas em nome da fé. Essa mesma família cria, ensina e constrói os intolerantes.

É leviano dizer que a religião islâmica é responsável pela intolerância, pela violência em Orlando, e pela morte das 50 pessoas. A religião não é responsável, mas as pessoas por detrás das religiões. Quem da suporte aos bárbaros, são outros bárbaros. Pessoas. Deixemos para trás o pensamento que procura culpar a religião, o partido politico, o país onde vive, isso é estapafúrdio, o problema são as pessoas que ensinam pessoas a cultivarem aquilo que o ser humano tem de pior.

Não precisa amar. Mas é proibido odiar. Não precisa amar. Mas é crime pregar o ódio. Homofobia se ensina, não se nasce assim.

PELOS BELMIROS E SEVERINOS!


Se ele ama ele, ou, se ela ama ela, se ela sente-se como ele, ou se ele sente-se como ela, isso não lhe diz respeito. Aliás, isso diz, isso grita, isso pede: Respeito!
O maior problema não é falta de conteúdo que ensinem de forma científica, acadêmica, evidenciada as questões de gênero, orientação sexual e sexo biológico, essas informações existem, são variadas, de fontes confiáveis, disponíveis em livros, artigos, vídeos, em todas as plataformas, mas ainda existe um impeditivo para que esse tipo de conhecimento se torne universal: ele precisa ser decentralizado!
Hoje os grandes debates, os grandes eventos, as mesas de discussão que trazem a baila temas como identidade de gênero, sexualidade, diversidade, estão concentrados em grandes centros urbanos, o que é compreensível, uma vez que estão também concentrados nesses grandes centros a maior parte da produção artística e cultural do país, mas é preciso que se faça uma reflexão sobre isso e que se compreenda um fator determinante, não por fórum de privilegio, mas de necessidade.
Do Sertão nordestino, as planícies alagadas do Pantanal, até as florestas da Amazônia, a população indígena, quilombola, ribeirinha, que vive nas pequenas cidades, ou, nas cidades distantes das capitais e dos complexos de produção acadêmica e científica, estão sofrendo pela falta de conhecimento que lhes fale a própria linguagem, que lhes estenda a mão, e lhes permita a tão sonhada “alforria” da ignorância para bradar o sonho da liberdade.
Levar a temática da diversidade para o interior do Brasil é uma urgência tão importante, e nisso não estou sendo exagerado, quanto fazer chegar alimento, água e medicamento. Jovens estão morrendo, tirando a própria vida por não compreenderem o que se passa consigo mesmos, uma vez que são criados pela mão insensível do conservadorismo, do pensamento empírico, deísta, e provinciano. Quem ouvirá os gritos destes jovens e levará a eles a “alforria” da alma, do espírito, da moral?
Precisamos falar de orientação sexual no Sertão, onde Severino vive já com seus 17 anos, 6 irmãos, um pai trabalhador rural, analfabeto, uma mãe rendeira e profundamente católica, que assistindo a novela vê dois homens de mãos dadas e brada em alta voz: “Queima, Jesus!” – Mãos dadas que também serão sermão da missa no domingo, assunto no vilarejo, e um fardo a mais para o jovem Severino, homossexual, mas que se quer entende o que se passa em seu corpo, sabe apenas que um dia, sua alma arderá no fogo do inferno. Severino precisa de ajuda.
Também precisamos falar de identidade de gênero, lá nas planícies alagadas do Pantanal de Mato Grosso, onde Delmiro, jovem de 19 anos vive com os pais e 3 irmãos menores. O pai de Belmiro é boiadeiro, sua mãe cuida da casa e dos animais, Delmiro não sabe de nada, mas sabe que homem ele não é, ou melhor, sabe que é homem, mas sente como se fosse mulher. Na verdade, Delmiro já não sabe mais o que fazer, vive depressivo, solitário, já tentou tirar a própria vida, não conseguiu. O pastor diz que é obra do diabo, a mãe reza, o pai surra de vara, o médico da o remédio, mas o que ninguém sabe dar é a explicação.
No Brasil são milhares de Severinos, Belmiros, sem esperança, sem solução, a espera de um milagre, de alguém que lhes permita o grito de liberdade, de independência. É preciso sim produzir material, criar eventos, mas é preciso olhar para os que vivem longe dos grandes centros, é preciso universalizar o acesso a informação, é preciso dar a “forra” para os que sofrem calados, a dor da incompreensão de si mesmos.
Pelos Belmiros e Severinos, eu digo, SIM!

Lexotan!


As vezes a gente precisa se confessar! Ao mesmo tempo em que batemos no peito a nossa independência, o fato de não precisarmos dar satisfação de nossas vidas a ninguém, temos uma vontade imensurável de compartilhar, principalmente nossos sentimentos, mas temos vergonha.
Hoje em dia não pega bem essa exposição de sentimentalismo. Precisamos ser mais “fortes”, demonstrar suficiência, resistência, e, até frieza. – Nada de ficar com muito “mi-mi-mi”.

Mas o fato é que desejamos ansiosos, esperamos absortos o momento de podermos nos confessar, compartilhar, explanar sobre nossos sentimentos com alguém especial, disposto a ouvir, compreender, mimar, e depois, com um sorriso no rosto, dar um afago compreensivo, mesmo que não tenha compreendido, mesmo que não tenha concordado, mas que, escute.

O problema é que desaprendemos a ouvir! Não temos mais esse “dom” de escutar… Mas como nossa necessidade de sermos “ouvidos” persiste, buscamos de forma desesperada os ouvidos de analistas, psicólogos, psiquiatras, e quem mais julgarmos ter a quase obrigação de ouvir. 
Quando todas as tentativas de sermos escutados são frustradas, ai então, adoecemos, e, como não temos quem nos escute, tomamos remédios para não falar, e, ainda assim, suprir nossa necessidade de sermos “ouvidos”. – Não seria mais fácil falar? Sim! Mas para isso, também precisaríamos ouvir!

Um abraço só é abraço de verdade quando duas pessoas estendem os braços para “abraçar”. Não existe abraço “monólogo”. Ou é mútuo, ou não é abraço. Tão difícil achar braços estendidos hoje em dia. Mas é muito fácil achar quem procure por esses braços estendidos. – Mas então se tem quem procure por abraços, não seria mais fácil abraçar? Sim! Mas ai teríamos que abraçar também.

Hoje eu queria dar um abraço, mas não pude! Então engoli a tristeza que apertava fundo meu peito, guardei a dor, desliguei a música que tocava e dormi. Não pude falar! Não pude abraçar! Então escrevi. – Adiantou? Não! Mas se o texto render um único abraço, terá valido a pena escreve-lo.

Quer ouvir? Quer falar? Quer um abraço, ou abraçar? 
Entendeu? Eu sim!

Vocês são todos chatos!


Eu também sou! Quem nunca? Mas ultimamente, espere, a quem eu quero enganar, desde que o mundo é mundo a maioria das pessoas são chatas. Hoje a única diferença é que se subdividem em “especialidades”, senão vejamos alguns tipos…

Existem os chatos que são apenas chatos, vivem suas vidas chatas sem interferir na vida de outras pessoas, ou no máximo interagem com pessoas semelhantemente chatas. Não representam perigo. São inofensivas.

Porém existem os chatos pretensiosos, aqueles que desejam impor sua chatice ao resto do mundo, são o que costumo chamar de chatos doutrinadores, que agem de forma semelhante aos líderes religiosos, são aqueles “amigos” que dizem para você não beber muito, não comer muito, não esbanjar dinheiro, poupar, fazer um plano de previdência privadas, e pensar em quando estiver velho: O que vai ser de você? Quem ira lhe cuidar? E que no final da sua vida, estufará o peito como um pavão e quase tendo um orgasmo lhe dirá: “Eu avisei!”.

Ainda temos os chatos “corretos” que não bebem, fumam, transam, não falam de sexo, nem palavras feias, não gostam de jogos violentos de vídeo game, oferecem-se sempre para ajudar em campanhas ambientas, ecológicas, não vão a festas (bem quem os convidaria?), não comem glúten, nem açúcar branco, farinha branca, bem eles não comem nada que seja branco, na verdade. Enxergam cânceres e tumores em tudo e todos, e mais um detalhe: Só bebem água mineral alcalina. Eles criam seus filhos em redomas de vidro, o que resulta nessas crianças insuportáveis e mal educadas que você vê por ai batendo nos pais ou deitadas no chão dos supermercados chorando como psicóticos. Bem esse tipo é realmente péssimo.

Temos também os chatos que não se acham chatos, ou melhor, que se acham “fodões”, eles andam com a roupa da moda, com o carro da moda, bebem todas, entendem de cerveja, vinho, destilados, são cozinheiros, pescadores, caçadores, pegam todas as gatas, ou se for uma gata pegam todos os gatos... Bebem todas na balada, tomam conta da pista, bebem a custa dos “idiotas”, transam com mais frequência do que trocam de roupa e também escutam músicas internacionais, rock pesado, e nos domingos comem com a família em algum lugar “cool” da cidade onde vivem. Este tipo é fascinante, desde que longe!

Existem também os comumente chatos, que são aqueles que saem para comer, dar um passeio no parque, o tipo que diz “olha que lindo, o passarinho” para cada ave que tenha um tom que não marrom. Aliás se for um marrom mais elaborado, eles dizem também. Levam os filhos ao bosque, com sacolinhas ecológicas para recolher a sujeira do cão que sempre acompanha a família. Falam da novela, do seriado, do preço das verduras e de como estão caras. Falam de futebol; esportes não, para esse tipo apenas futebol é esporte. Assistem ao “Mis Universo” e as mulheres adoram a Nigela Lawson e fazem todas as sobremesas que ela ensina. Este tipo bebe pouco, não fuma, não usa drogas, vai a igreja regularmente, mas ainda assim fala da vida alheia e tenta derrubar o colega no trabalho.

Ah! Não poderia esquecer que esse tipo de chato também adora contar vantagem, de como são ricos, de quanto custou o som do carro, do quanto seus pais são bem sucedidos, e quando mulheres, falam do quão caros são os cosméticos que usam (base, batom, rímel, esmalte...) e ainda assim quase sempre são feias.
Os tipos são inumeráveis, comportam-se das mais diversas maneiras, ninguém mais arrisca ser interessante, diferente, fora de qualquer modelo ou padrão. Todos tem suas tribos, pertencem a clãs, alguns até possuem representantes na Câmara e no Senado Federal. Não falam de assuntos mais profundos que os buracos da rua que a prefeitura não fecha ou sobre o leão Cecil que foi morto. Com isso a vida vai tornando-se cada vez mais odiosa, e as pessoas com quem se tem de conviver também.

Queria um mundo com mais pessoas semelhantes a Oscar Wilde, meu grande ídolo depois da Florence Nightingale, é claro. Deixo a vocês o tipo de pessoa que ele quer para seus amigos, e bem, eu adoraria Eu adoraria que a Terra fosse povoada por gente deste tipo. Sr. Wilde, conte-nos mais…

“Escolho os meus amigos, não pela cor da pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila dos olhos. Tem que ter um brilho questionador e uma tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espíritos, nem os maus de hábitos. Fico com os que fazem de mim louco e santo. Deles não quero respostas, quero o meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim. Para isto, só sendo louco. Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças. Escolho os meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só ombros e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim, metade maluquice, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, que e lutem para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças para que não esqueçam o valor do vento no nosso rosto; e velhos para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem sou. Pois vendo os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos nunca me esquecerei de que a ‘normalidade’ é uma ilusão imbecil e estéril…” (Oscar Wilde)

E daí que ele ama ele?

E daí que ele ama ele? O problema mesmo é aquela criança na saída do supermercado que precisa implorar por comida pois caso contrário, chegando em casa de mãos vazias, ainda levará uma severa surra do pai alcoólatra e da mãe omissa também pela violência.


E daí que eles andem de mãos dadas na rua? O problema é a criança que deixa de ir a escola no sertão do Ceará por falta de transporte escolar, de uma cadeira de rodas adaptada, que não pode realizar nenhum tratamento e que está entregue a própria sorte.


E daí que eles se beijem em público? O problema são as milhares de crianças com lábio leporino, sofrendo como poucos, enquanto hospitais realizam cirurgias plásticas para reconstruir "virgindade", colocar silicone e bunda, quando deveriam estar usando esta especificidade médica para trazer alivio a quem sofre.


E daí que se abracem no meio da rua? O problema são as milhares de crianças abandonadas ao vício das drogas, acumuladas como se fossem lixo e ignoradas pela sociedade, enquanto afundam-se ainda mais na drogadição, entrando para o mundo do crime e morrendo as centenas todos os anos.


E daí que se casem de branco na igreja? O problema são os idosos abandonados em asilos insalubres que mais se parecem com campos de concentração, passando sede, fome e frio, humilhados e ridicularizados enquanto "profetas" do Senhor compram carros, mansões e fazendas em nome de um Deus que sequer os escuta.


O problema do nosso povo é que se preocupa com as coisas erradas, equivocadas, dominado pela mediocridade da mais importância as decisões pessoais e individuais de cada ser isoladamente em detrimento de um coletivo que chora e sofre abandonado, humilhado e maltratado. Se dois iguais se amam, se beijam, se abraçam, que diferença isso faz na sua vida? E que diferença a sua opinião faz na vida deles?


Entretanto se transformares a tua opinião em ações que permitam a menina do sertão cearense ir para escola em uma cadeira de rodas adaptada, sua ação passa a ter valor. Se a tua opinião tirar uma criança da rua e das drogas, dando a ela condições de recuperar-se e integrar-se a sociedade plenamente, então sua opinião tem valor. Se a tua opinião matar a fome da criança que esmola na porta do mercado, mudando o cenário social em que ela vive, ai sim, tua opinião tem valor, mas não pela opinião em si, mas pela ação que resultou de um julgamento e que se transformou em algo útil e bom.


Quando sua opinião deixar de ser apenas uma opinião sobre o curso da vida alheia, e se transformar em uma ação que transforma a vida alheia que precisa de auxílio, então, somente então, depois que todas as misérias, injustiças, genocídios, violência, depois que tudo isso for exterminado da face da terra, então, você poderá fazer juízo de valor sobre os aspectos individuais das escolhas pessoais de outrem. Mas eu já lhe garanto: Esse dia nunca chegará, pois provavelmente você que condena e aponta os dois iguais que se amam, ainda hoje passará por uma criança faminta e lhe dará as costas.


Tua opinião só tem valor, quando ela se transforma em ação de melhoria na vida de quem precisa dela!

Gabriel, vinho e talento!

Foto Reprodução: GloboSat/GNT
William Shakespeare, poeta, dramaturgo, e seguramente o maior escritor da língua inglesa, num certo dia de inverno, ao degustar o mais delicado vinho em companhia de seu amigo e sucessor, John Fletcher, exultante ao reler um de seus textos, bradou em alta voz: "O talento revela-se exatamente porque esconde a sua perfeição!" - Quem poderá contradizê-lo?

Se The Barde, como é conhecido Shakespeare no Reino Unido, vivesse em nossos dias, certamente ele gritaria essa mesma frase ao ver o desempenho de Gabriel Coelho, no The Taste Brasil, reality do Canal GNT que promove um desafio culinário a fim de revelar os novos talentos da gastronomia brasileira. Mas por que falar de Gabriel? Pelo motivo de que neste espaço sempre escrevo sobre a vida, e, podem acreditar, o menino que da de ombros ao convencional e arrisca o impensável, é um exemplo de viver, em contraponto aos que hoje apenas sobrevivem ao curso da vida.

Tenho dito a bastante tempo que muitos de nós somos como zumbis, personagens de filmes de ficção, feitos realidade, vagando sobre a face da terra, ocupando espaço, construindo massa atômica, sugando recursos, mas, apenas e tão somente sobrevivendo. Não pulsam, não vibram, não arriscam! Estão todos mortos, mas ainda não descobriram…

E passar a vida apenas passando, caminhar apenas caminhando, é triste demais, é solitário demais, é ultrajante demais. Entre tantas possibilidades de se deixar uma marca, um legado, um feito, não fazê-lo é quase um pecado, não dos que são condenados por algum ser superior, mas daqueles que são condenados pela própria existência humana. Apenas viver, não basta. É preciso arriscar, pois apenas quem arrisca, vibra, e só quem vibra merece definitivamente o ar que respira.

É hora de abrir a garrafa de vinho que está guardada a tantos anos, fazer aquela viagem, trocar de emprego, pedir o divórcio, afastar-se dos maus amigos, é tempo de fazer o que de fato amamos, pois, a exemplo de Barde, a qualquer momento as cortinas podem se fechar, a plateia desaparecer e todas as aparências, as convenções, as regras, podem ter sido em vão.

É tempo de por seu tempero na colher, cozinhar o cupim em uma hora, tempo de fazer valer seus planos e suas vontades, e, ainda que todos digam que falhou, que errou, que perdeu, você, o centro daquilo que realmente importa quando fecharem-se as cortinas, poderá dizer: Valeu a pena! Eu pude ser a essência do realmente sou! Eu pude ser meu universo!

UMA FLOR PARA FLORENCE!

"Acho que os sentimentos se perdem nas palavras. Todos deveriam ser transformados em ações, em ações que tragam resultados." (Florence Nightingale)

O sol havia raiado a pouco em Florença, no Grão-ducado da Toscana, quando a jovem Florence Nightingale, que recebeu este nome em homenagem a sua cidade de nascimento, já estava em pé ao lado de seu cavalo para percorrer os campos da propriedade de sua família, rotina quase diária de uma mulher que ainda jovem, já podia sentir que seu coração pertencia ao mundo.

Foi num desses dias, quando cavalgava pelas terras de sua família, poderosa e influente na região, que Florence deparou-se com o que seria a razão do seu viver, e que lhe faria ser lembrada para sempre: uma ferida! Não foi um anjo, uma aparição dos céus, ou uma visão, foi uma ferida, a ferida de uma pobre mulher que gritava de dor, dentro da casa miserável onde habitava.

A "Dama da Lâmpada", que ali ainda sequer poderia imaginar a grandeza de seus feitos, em momento algum pensou em seu título de nobreza, ou na importância da sua família, no que as pessoas falariam caso viessem a saber, antes, desceu ao mesmo nível de uma prostituta, que eram as "enfermeiras" da época no Século XIX, as únicas dispostas a fazerem o trabalho "sujo", pondo-se a cuidar e curar aquela ferida, colocando fim a dor e ao tormento do que para ela era um ser humano como outro qualquer.

A mulher que rebaixou-se ao nível de uma prostituta, não ouviu de um anjo a sua missão, antes, viu na ferida de aspecto orrível e odor nauseante, a boca de Deus, ordenando que fosse e fizesse. Ela fez!

Florence abriu mão de tudo, seu dinheiro, suas posses, o grande amor de sua vida, e passou a comprar brigas, defendendo a humanização do atendimento, as condições sanitárias das instalações precárias da época,  a formação integral das profissionais de enfermagem. Foi Enfermeira, antes de tudo, mas também foi arquiteta, biomédica, nutricionista, química, farmacêutica, fisioterapeuta, psicologa, e uma abnegada, isso, até antes de ser uma enfermeira. Florence negou-se a si mesma.

Em 1846 partiu para Alemanha, conhecer o que seria a base da sua ciência, um hospital dirigido por freiras luteranas, onde Florence conheceu um modelo de assistência hospitalar, completamente diferente do que havia visto em Londres, onde os hospitais eram lugares para onde se levavam aqueles que iriam morrer, para um modelo onde o hospital transformava-se em um refúgio dos que sobrevivem e recuperam a saúde.

Mas foi em 1854 que Florence Nightingale deu seu maior passo, o que a faria ser conhecida pelo mundo, embarcando com 38 de suas enfermeiras para atuar como voluntárias na Guerra da Crimeia. Nunca antes mulheres haviam participado de uma guerra como voluntárias do exército.  Desembarcaram nos campos de Scutari, no Império Otomano, onde encontraram um hospital de guerra em estado lastimável, restos de corpos espalhados por toda parte, homens deitados sobre o feno, devorados vivos por ratos, parasitados por pulgas, morrendo as centenas todos os dias por diarreia, infecções e sepse.

Sem estrutura alguma, e humilhada pelo superior do exército, pelo fato de ser mulher, proibida de realizar qualquer procedimento pelo médico da unidade, Florence pôs-se com suas enfermeiras a limpar a unidade hospitalar, combatendo as pragas, a imundície, banhando os doentes, incinerando a palha e as roupas contaminadas, diminuindo somente nas ações de sanitização o número de mortos em quantidade suficiente para chamar atenção do comando maior do exército, que lhe deu autonomia para implementar toda e qualquer melhoria naquele lugar. Acredita-se que pelos esforços de Florence Nightingale, foram salvos soldados na casa das centenas, somente naquele hospital.

Em 1856 após contrair febre tifoide durante a guerra, e com sérias restrições físicas, voltou a Inglaterra, onde segundo a Rede BBC, Florence Nightingale foi a mulher mais famosa da era vitoriana, além da própria rainha Vitória que a condecorou a primeira mulher chefe dos Hospitais Do Exército Britânico.

Em 1883, a rainha Vitória concedeu-lhe a Cruz Vermelha Real e em 1907 ela se tornou a primeira mulher a receber a Ordem do Mérito. Impossibilitada de fazer seus trabalhos físicos, dedica-se a formação da escola de enfermagem em 1859 na Inglaterra, onde já era reconhecido seu valor profissional e técnico. Fundou a Escola de Enfermagem no Hospital Saint Thomas.

Florence Nightingale nos deixou em 13 de agosto de 1910 em Hampshire, na Inglaterra, onde também encontra-se sepultada. Deixou-nos uma bibliografia brilhante, do qual destaco "Notes On Nursing", mas muito mais do que teoria, ela nos deixou um exemplo de vida dedicada ao ser humano, de amor incondicional pelo cuidado, de luta incessante por melhorias e por humanização do atendimento de saúde. Florence mostrou ao mundo que sem enfermagem não se faz saúde. Que sem saúde só resta dor, e que sem amor também não se faz Enfermagem!

Para que um pouco de você brilhe em mim, te dou uma flor!

O FIM QUE EU QUERO PRA MIM! [MINUTOS ANTES DE PARTIR]


Quem me conhece sabe que nunca fui muito ligado a existência física, nunca tive muito apego a vida, sempre fui extremamente ciente do meu papel frente a morte e o morrer, e que a única certeza que nos é dada ao longo da vida é justamente a de morrer. Não, eu não vou passar o texto falando de morte, ainda que isso não me cause nenhum desconforto, acho que deveríamos falar mais sobre esse assunto. Quero hoje falar da hipotética possibilidade de escrever o meu final, o meu próprio script, o fechar das cortinas, o último suspiro.
Seria no Brasil, sim, no meu tão amado Rio Grande do Sul, na Serra Gaúcha, ali entre Canela e São Francisco de Paula, até a divisa com Jaquirana. Um local específico, onde um pequeno riacho corta os verdes campos do lugar, que ainda conservam os muros feitos de pedras pelos escravos de outrora que deixaram em cada pedra a marca do seu suor e do seu sofrimento noutros tempos. Ali ergueria a minha casa, meu rancho, como falamos no "gaúchês”, pela janela da cozinha, a vista das grandes e imponentes araucárias, carregadas de pinhas, algumas já caídas no chão possibilitando fartura de pinhão a mim e aos passarinhos que cantam verdadeiros hinos de alegria no pomar.
 Na sala que forma um único ambiente com a cozinha uma grande lareira, com muita lenha, nó de pinho, e bem a frente um confortável e imenso sofá, coberto com pelegos de ovelha branquinhos, uma mesa de centro cheia de livros e jornais, no canto um piano de cauda, e pelas paredes apenas estantes forrando cada centímetro coberto por centenas e centenas de livros de todos os tipos. No chão de madeira da sala, ainda haveriam tapetes, grossos, felpudos, tapetes vermelhos e verdes, contrastando, ainda que brega, mas seria a cor que eu gosto. Nada de seguir tendência alguma. Na cozinha um fogão de lenha, chaleiras e panelas de ferro, pretas, chaleira de água quente sempre fervendo, noutra panela uma sopa, de legumes e frango sempre aquecida, no forno um pão e uma cuca, receitas de minha avó que me foram passadas pela mãe, assando para o café, feito na chaleira mesmo, coado com uma tenaz de fogo ardente, separando o pó da bebida.
Ao fundo, Marne Barcelos da as notícias da Rádio Pampa, enquanto visto meu poncho de lã para pegar o leite da vaca recém ordenhada para encorpar o café, matar o frio e aquecer a alma. A cuia bem cevada já esta ali, bem ao lado do fogão, chega estar quente, erva boa, água bem quente (é assim que eu gosto), sento-me no sofá, cruzo as pernas, sirvo a cuia, abro minha Zero-Hora, e olhando o fogo queimar dentro da lareira escuto o som do vento minuano soprando forte lá fora, derretendo a geada da noite fria que cobriu de branco os verdes campos.
Por um momento me levanto, abro a porta e sinto o vento gelado que quase corta o rosto, faz escorrer o nariz, mas eu me sinto vivo, eu sinto a vida, eu caminho, vou ali mesmo, junto ao curso do rio, atiro uma pedra, escuto o som da água congelante que ainda assim insiste em correr, ouço a vaca mugindo feliz com seu terneiro no curral, as pinhas caindo das araucárias, o latido dos cachorros, o grito do quero-quero. Eu paro, olho para o céu azul, vejo tímido o sol aparecendo, quebrando o gelo da noite, quando retorno para o interior da casa.
O pão e a cuca já estão assados, retiro do forno e deixo esfriar, minha mãe faria assim, mas eu gosto de comer a cuca ainda quente, corto logo um pedaço, como ali mesmo, uma mordida na cuca, um gole do chimarrão. Sento-me novamente no sofá, olho ao redor e vejo tudo que fiz durante a vida e percebo que não existe mais tempo para o arrependimento, tudo que havia para ser feito, foi feito, as cortinas estão prestes a se encerrar. Desligo o rádio por um minuto. Coloco um pen-drive no som, com a música “Ainda existe um lugar” do querido, Vilson Paim.
A música começa, e no topo da lareira, duas fotos, em uma delas, minha mãe e a saudade que está quase acabando, logo irei ter com ela, no outro a lembrança da minha vida e do que foi minha missão, Florence Nightingale. A música segue, eu apenas agradeço a Deus por me permitir ter feito tudo que fiz, e se por alguma coisa for me desculpar, que seja apenas pelo bem que deixei de fazer. Com a cuia na mão, eu a repouso sobre a mesa de centro, onde relembro pela capa de um livro a frase de Guimarães Rosa que diz que “[...] no final, o que a vida quer da gente é coragem.”, olho pela última vez o fogo, sinto pela última vez a pureza sublime do ar, e num último suspiro dou adeus a tudo, fechando os olhos e tomando já fora do corpo físico as mãos de minha mãe.
Seria assim, e seria perfeito. Seria muito mais do que eu ainda possa fazer por vir a merecer. Mas isso se eu pudesse escrever o meu próprio final. Deixo abaixo a música que toca o mais profundo da minha alma.

Música: https://www.letras.mus.br/wilson-paim/186667/

QUANDO FALTA [TERMINA] A ESPERANÇA



Nós temos uma necessidade de caminhar, de seguir nosso caminho. Estamos eternamente condenados a agir, mesmo quando decidimos ficar parados, estamos agindo. A vida é antes de tudo a necessidade compulsória de ação, decisão, escolhas. É uma roda a girar incessantemente e onde para não é uma alternativa. Viver é preciso e caminhar também.
Você observa duas pessoas em uma televisão a sua frente: uma delas anda em um bom automóvel, habita uma casa confortável, tem um bom traquejo social, cultura, conhece lugares maravilhosos, e ai você pensa que essa é uma vida boa para se levar. Imediatamente a televisão a sua frente passa a mostrar a casa simples, o tugúrio, a casa de miséria, a família sofrida pelo trabalho, a enxada, os cuidados com as crianças, os animais, a pele ressecada pelo sol, e ai você pensa, jamais trocaria a vida da primeira imagem pela da segunda. Isso é lógica, mas não em se tratando de vida, não explica nada.
Quem sabe as dores, mágoas, abandonos e sofrimentos que os habitantes da primeira casa não experimentam todos os dias? Quanta dor não lhes vem ao coração enquanto dirigem o bom veículo, dor tamanha que pouco importaria ser um carro, um ônibus ou até um caminhão boia fria? E ao entrar e estarem na bela casa, quanta amargura, lembranças dolorosos não lhes vem a mente, que torna nula a casa e seus luxos, fazendo com que pouco importe o sofá bonito ou a televisão de última geração, pois escuta-se apenas o silêncio da amargura e só se é capaz de observar a solidão da dor?
Bem certo estava o compositor que disse que cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é... Verdade! Sofrimento e dor não escolhe casa, bairro, se o automóvel é do ano ou se a bicicleta é velha, não faz caso se entra na mansão de roupas perfumadas com Chanel 5 ou na casa de miséria onde o único aroma é o da fumaça do fogareiro a lenha. Tristeza é igual para todos, sofrimento não cobra prestação, não se soluciona em banco ou com folhas e cartões de crédito. Dor é dor, dói para todo mundo, para o que come caviar e até para o que nem come.
 O certo é que muitos de nós somos tão cheios de nós mesmos, de nossas convicções, de nossos achismos, que por momentos acabamos nos perdendo das pessoas, de Deus, do amor e por fim, da própria esperança. Ai então nos vemos sozinhos, olhamos para todos os lados e não há para onde correr, não existe lugar para nos abrigar, é nesse momento, que seja rico ou miserável, fervoroso cristão ou convicto ateu, todos nós, levados por algo que não podemos explicar, olhamos para o alto, quase que estendendo as mãos, e de algum lugar, de alguma parte desse universo que somos incapazes de compreender, esperamos absortos que uma mão se nos estenda e nos devolva pelo menos a esperança.
A questão é que a vida não para nem quando se perde a esperança, é preciso seguir, continuar, agir... A vida pede ação, o caminho se nos é posto a frente e alguém de algum lugar, mesmo que invisível para nós diz para que andemos, não importa como, ande, caminhe, ultrapasse, siga, vá, chore, sofra, ria, corra, mas não pare, parar não é uma opção aos vivos, quem sabe, nem mesmo aos mortos. Então nos resta andar, caminhar sem julgamentos, sem perguntar quem sofre mais quem sofre menos, pois o fato é que de alguma forma, sofrem todos, mas sofre menos que mesmo sofrendo não se afasta dos caminhos do bem, do amor e da fraternidade. Pois ainda que nada se ganhe em troca disso, ganha-se paz, que não é dada por ninguém, senão entregue a nós, por nós mesmos.
Que a esperança só não alcança, quem se nega a erguer as mãos...