Deve haver alguma coisa que ainda te emocione!
O título não é meu, faz parte de uma
composição de Humberto Gessinger, a qual no final deste texto,
disponibilizarei o link, pois interpretada pelo Pouca Vogal, em um show
de violão, é digna de ser ouvida, várias vezes.
Estava determinado em escrever sobre um
livro, que aqui também segue como dica para boa leitura, da magnífica
Elisabeth Kubler Ross, intitulado “Sobre a morte e o morrer” da Editora
Martins Fontes, que mesmo dedicando-se a abordar profundamente a morte,
nos deixa de forma intrínseca a noção de que estamos vivos, logo, fala
mais de vida que de morte.
Devo sim, abordar este assunto, em algum
outro texto, pelo fascínio com que Ross trata o morrer, fazendo de ato
final de nossas vidas, muito mais que um simples último suspiro,
compreendendo a pessoa enquanto ser integral, e, que também, como em
tantas outras questões da vida, precisa estar ativamente participando da
morte e do morrer.
Mas muito pior do que o fato de estarmos
tão despreparados para a morte, ou, que seja para darmos a outrem uma
morte digna, no amplo sentido desta palavra, é estarmos vivos, e, a este
viver, quero dizer que me refiro a um ser, cujo coração ainda bate e
possui todas as suas atividades vitais em perfeito funcionamento. Esta
vivo. Compreendem?
Sei que não precisaria explicitar aqui, o
ato de se estar vivo, mas quero e preciso que compreendam, a
complexidade de se estar vivo e viver, diante de um mundo onde tantas
pessoas apenas exercem o papel funcional de estar vivo, mas em se
tratando de vida em seu mais amplo e profundo sentido, encontram-se
mortas e dilaceradas por suas pequenices, que fora justamente o que lhes
matou.
Até a mais ativa das pessoas, quando
observada de um ponto de vista mais amplo e aprofundado, pode ser
diagnosticada com morte em vida, termo que aqui quero fazer uso, para me
referir àqueles a quem o sopro de vida já abandonou, e ainda que pensem
ao contrário, nada mais são que zumbis, trilhando por caminhos tortos,
atrapalhando o viver daqueles que ainda tentam ser mais que um simples
coração que bate, ou de um emaranhado de reações químicas que os torna,
ou, os faz capazes de andar sobre este mundo.
São zumbis pois entregaram-se as
mediocridades da vida, que para alguns são tão fascinantes como o
viciado em anfetamina que corre até um vendedor clandestino em busca de
sua tão esperada droga, e, que por fim também o levará a morte. Chego
quase que a conclusão que as mediocridades as quais milhares de pessoas
se entregam todos os dias, é vício, tão corrosivo quanto qualquer outro,
pois tira a vida em vida.
O que leva uma pessoa, enquanto ser
dotado da capacidade de pensar e refletir sobre as pessoas, coisas e
fatos, a reunir-se em uma roda, com outros indivíduos, para tratar da
vida alheia? Ou então o que leva essas mesmas pessoas a quando não tendo
assunto ou pauta para suas sórdidas diversões, passarem então a
inventar, deliberadamente, inverdades sobre outros que certamente não
estrão ali para poderem se defender? Este é apenas um exemplo de
mediocridade, entre infinitas formas. Outros chamariam de fofoca, mas
para ser fofoqueiro é preciso antes ser medíocre!
Neste ponto do texto é onde ele passa a
fazer sentido com seu título. O medíocre também é desprovido de emoção.
Tenho quase certeza de que em breve os estudiosos do comportamento
humano vão classificar isso como uma doença ou desvio de caráter. Sim,
claro que o medíocre tem um desvio de caráter, mas me refiro a que isso
se torne oficial. Comprovado.
O fato em questão, quando faz-se
referência a estas pessoas, as medíocres, é que são, indiscutivelmente
infelizes com suas próprias vidas, existindo assim a necessidade de
falar, preferencialmente de forma pejorativa da vida de outros
indivíduos que estejam próximos, ou que sejam de uma mesma comunidade ou
grupo social. Os medíocres ainda tem por objetivo, com seu
comportamento sórdido, sempre que possível, assistir a ruína da vida do
ser invejado, e mais que isso, ver a ruína do outro, sentado sobre as
cinzas da sua própria vida.
Poderia existir peste pior? Não é esta
forma de mediocridade pior do que qualquer verme rastejante que infeste
as mais fétidas partes do universo? Problema é que estão em quase todos
os lugares, são preponderantes em alguns cantos mais que em outros, mas
existem, estão mortas, mas esqueceram-se disso. Preferem passar sua
morte em vida tentando arruinar a vida de outros para que possam ter
mais indivíduos a quem se assemelhem.
Pobres diabos. Chorarão com gemidos
inexprimíveis a vida toda, sentados sobre os escombros fétidos de suas
existências, vendo os demais, aqueles que vivem, vibram e vencem,
seguindo a vida pelos caminhos do bem da reflexão e do pensamento humano
progressista, caminhando cada vez mais rápido e para o alto, enquanto
eles, os medíocres, mortos em vida, choram ao ver que suas emoções nada
mais eram do que o cheiro exalado por seus próprios pensamentos.
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